A arte é itinerante, ‘o partir e o chegar’ estão no cerne da criação do nosso espetáculo. Seguimos o ‘conselho’ do poeta: ‘o artista deve ir aonde o povo está’. E assim vem acontecendo nos últimos meses. A cada semana, uma escola diferente. Pessoas, reações e trocas das mais diversas.
Essa diversidade toda nos forma, e nas periferias elas se mostram com todos os seus traços. E um dos mais marcantes de todos eles é a generosidade.
Nas duas últimas semanas, nos apresentamos para os estudantes da EPG CELSO FURTADO, em Guarulhos.
Normalmente, os espetáculos acontecem dentro da sala de aula. Uma forma de criar todo o universo lúdico e poético o mais próximo possível das crianças, e, também, de resignificar as salas de aula.
Mas a dimensão das salas de aula da EPG CELSO FURTADO junto do grande número de alunos, não permitiram que a esquete acontecesse dentro das salas.
Os dias estavam quentes e ensolarados, decidimos ir para o lado de fora. Preparamos tudo ao lado da quadra poliesportiva, embaixo de algumas árvores e junto, isso foi novidade, de muitas abelhas.
Durantes as 5 (cinco) apresentações diárias, a cada turma que chegava, um pacto se estabelecia naturalmente: assim que as nossas polinizadoras (abelhas) se aproximassem, alguns alunos ajudavam a espantá-las, não permitindo que chegassem aos atores. Várias mãozinhas se levantavam para cuidar do espetáculo.
Estávamos do lado de uma quadra poliesportiva. Em muitas das apresentações, aconteciam aulas de Educação Física. E sem pacto prévio, quando o espetáculo começava, os estudantes que estavam nas aulas de Educação Física cessavam os movimentos ou os jogos e assistiam ao espetáculo, riam e, no final, aplaudiam calorosamente antes de retornarem às suas atividades.
E assim foi. Quase 40 apresentações ensinando e aprendendo sobre reciclagem, sobre os necessários cuidados como o meio-ambiente, mas, também, sobre generosidade e respeito.